segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Indianizacao

Caros leitores,
Lamento imenso so ter escrito uma vez no blog mas tenho estado com a vida muito ocupada. Bem depois de toda aquela aventura (mae nao se assuste o Joao exagera sempre tudo), dormimos imenso e passamos portanto uma dia muito relaxado. A vida aqui e um espectaculo, esta rua e magica. Nunca estamos sozinhos saimos de casa para beber um cafe e encontramos sempre alguem de conhecido ou entao conhecemos outra pessoa com quem temos sempre conversas muito interessantes. Aqui cada um tem a sua historia mas no fundo todos temos algo de parecido. E optimo sentir esta unidade entre as pessoas da Sudder Street. Passamos noites fantasticas no terraco do Hotel, conversas optimas e momentos magicos em que todos deitamos ca para fora aquilo que vimos durante o dia, a raiva que sentimos e por vezes a incompreensao... O meu conceito de viagem e estar o maximo possivel integrada com a populacao local e por isso pode parecer estranho que passemos tanto tempo com os voluntarios mas a verdade e que sabe bem sentir que ha pessoas que vem do mesmo mundo que nos e a verdade e a que sao pessoas fantasticas. Enfim a parte de conversas e bons momentos tambem ha o trabalho! Como ja tinha dito, acho eu, mudei de casa. Nao estava a ser nada util na outra casa com as velhotas e entao hoje fui para uma casa com criancas. Sao filhos de pessoas que nao podem tomar conta deles, porque provavelmente nem de elas proprias conseguem tomar conta. E realmente diferente trabalhar com criancas ou com adultos. A comunicacao e mais facil, basta brincarmos com eles que ja somos amigos enquanto que com adultos que nao falam ingles bater palmas e saltar nao serve de nada!Enfim foi uma experiencia muito forte haviam bebes desde os 5 meses aos 8 anos. A maioria estava na escola mas o resto fica nas Missionarias. Passei o tempo todo a pensar que se por acaso aquele miudo ou aquela miuda tivesse nascido no meu lugar tudo seria diferente. Sei bem que para os adultos se passa o mesmo mas as criancas sao a inocencia pura e por isso doi mais ver um bebe de uns meses tao magrinho ou uma cega que nao tem o apoio necessario para se desenvolver.
Foi optimo o dia, uma grande alegria...mas nao posso deixar de pensar na sorte que tenho em ter nascido onde nasci! A ajuda que trazemos e uma gota no oceano mas uma gota que vale toda a pena.
Voltei muito contente para casa apesar de vir absolutamente esborrachada e cheia de suor meu e dos indianos no comboio mas nao posso deixar de estar tristissima por me ir embora depois de amanha. Este sitio e magico, um sitio de paz, amor e de crescimento pessoal. Agora que ja estava muito mais 'indianizada' tenho de ir embora! Ha que agradecer o que temos, que e muito!
Assim deixo o meu ultimo comentario...vou ter saudades destes cheiros, desta gente, do barulho, da humidade e sobretudo destes olhares que nos enchem o coracao a cada momento!
Deixo a palavra ao Joao e a partir de quarta faco parte do vosso grupo de leitores!
Beijinhos! Mais uma vez desculpem o mau jeito da escrita!

PS: Espero bem que os meus primos fiquem casados para sempre senao mato-os lol

3 comentários:

  1. querida Constança
    adorei ler-te.
    As mulheres sentem as coisas de forma diferente e também as transmitem de forma diferente.
    Beijinhos e boa viagem

    Teresa Molina

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  2. Querida Constança,
    Pense que quando você se vier embora os outros também vão começar a viajar e começa a segunda parte da aventura. Imagino como deve ser gratificante e ainda bem que está com as crianças.
    Bjo Mãe

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  3. Minha querida Constança...

    Estou a chorar... É surreal ver-te a contar coisas que consigo quase tocar com as mãos... Foste primeiro a Prem Dan e depois a Shishu Bhavan (não sei como é que se escreve)? A miúda cega era uma chinesa amorosa que se lhe desses uma mão começava logo a tentar levantar-se e a andar? Apaixonei-me por ela. É incrível como uma miúda tão pequenina consegue ter uma força e uma vontade de se pôr a mexer tão grandes. Põe-me num chinelo.

    Acho piada a teres trocado as velhotas pelas crianças, eu fiz o contrário.

    Não quis falar contigo e com o Molas antes de irem, quis que fossem completamente surpreendidos e que fosse tudo a primeira vez. Estou tão contente por ver que também ficaram siderados com Calcutá, é de outro mundo não é? Deixa-te agarrada, lembrada de tudo o que vês, com vontade de fazer mais e mais, de não parar, de trabalhar, andar, falar, rir, rezar, fotografar, conhecer. É incrivelmente inacreditável.

    Acho que viste a melhor das índias. Depois de Calcutá já vi umas quantas diferentes e não sei porquê, se pelas pessoas, se pela cor, se pela pobreza, se pelo trabalho, continua a ser a minha eleita. Vou acabar o meu estágio mais cedo e amanhã parto de Jaipur com destino a Bombaim e depois Goa, a ver se também conheço a Índia económica e a paradisíaca/portuguesa.

    Querida espero que o regresso a Portugal seja do melhor e daqui a umas duas semanas já estaremos sentadas, depois de um milhão de abraços, a contar histórias indianas uma à outra.

    Um grande, grande beijinho
    Pipa Araújo

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